Ok. Temos um problema, Huston. O mundo como conhecíamos está parado em quarentena e sequer sabemos, na verdade, se um dia voltará a ser o mesmo. Junto com ele pequenas, médias e grandes empresas. E junto com elas profissionais liberais, autônomos, pequenos comerciantes, e por aí vai.

E como tudo sempre passa pela Comunicação de alguma maneira, é de se perguntar como as empresas e suas equipes de comunicação pretendem resolver esse problema, agora e no futuro.

Uma das primeiras respostas certamente passa pelo uso da comunicação, como ferramentas de videoconferência, whatsapp, bandas largas dedicadas para grandes tráfegos de informação e, de novo, por aí vai.

Mas além disso, existem caminhos possíveis? Para além das tecnologias, como comunicar-se com suas equipes em um momento extremamente estressante para todos, sem exceção, e quando as pessoas podem estar preocupadas muito mais com sua própria sobrevivência do que receber comunicados corporativos maçantes.

É bom, por exemplo, enviar mensagens de apoio e de esperança? Isso pode ou não sair pela culatra corporativa? Seu colaborador estará aberto a mensagens com coelhinhos da páscoa, papai noel, dia da criança, etc em meio a um cenário tão incerto de quarentena?

Mas, por outro lado, não cabe às equipes de Comunicação Interna exatamente achar uma maneira de adaptação de sua linguagem?

Digo mais. Essa não seria a única forma de manter a sanidade e a eficiência de suas equipes, agora remotas? E pior. E para aquelas não remotas, que dependem mesmo durante a quarentena do trabalho presencial?

Não são poucos os exemplos. Profissionais de saúde, transporte e logística, segurança pública, bancos, postos de gasolina, oficinas. Todos eles continuam em campo e certamente mais expostos ao perigo.

Comunicação Interna e Estratégia durante a Quarentena

Sim, o segredo está na estratégia, até porque a outra alternativa é morrer. E essa estratégia, nesse momento, passa pela adoção de políticas de comunicação que contem com alguns pilares fundamentais. Frequência, Tom, Entendimento, Qualidade de Informação e Estratégia, não necessariamente nessa mesma ordem.

Comecemos pelo básico. Num mundo tão cheio de Fake News e de correntes de whatsapp, nada melhor do que beber na fonte de veículos sérios, capazes e transmitir a informação correta, padronizada jornalisticamente, checada e rechecada. Feito isso, e só depois disso, a equipe de Comunicação Interna compilará o que lhe interessa e escolherá o canal de dispersão para seus profissionais.

Isso passa, claro, por um planejamento e por uma estratégia adequados, que tome como base as características de seu quadro profissional. E aqui, uma pegadinha. Não é raro que um ambiente coorporativo, em uma grande indústria, por exemplo, tenha públicos diferentes, que precisam ser atingidos pela mesma informação, mas com linguagem e talvez por canais diferentes.

O tom dessas comunicações, por sua vez, é de extrema importância. Momentos de crise extrema como o que passamos agora não permite mensagens que dourem a pílula, assim como não é adequado alarmar mais do que o necessário suas equipes e, lembre-se, suas famílias. O tom, portanto, tem que ser certeiro, verdadeiro, deixando todos cientes e preparados para os diversos cenários que podem – ou não – acontecer no futuro próximo.

E é preciso também manter sua comunicação e seus canais constantemente abastecidos, sempre que uma informação correta e relevante precise ser repassada. Se sua Newsletter, se seu Jornal Mural, se sua mensagem nos grupos de Whatsapp ou mesmo se seus e-mails tiverem uma frequência adequada e cumprida, tanto melhor será a aceitação e o entendimento por parte dos funcionários sobre a importância de se manter atento naquele momento.

Razão e Sensibilidade na Comunicação Interna

Por fim, e talvez o mais importante, esse é o momento dos gestores de Comunicação Corporativa manterem a calma e a razão em suas estratégias. Afinal, mesmo em grandes corporações globais, estamos no final do processo falando de pessoas. Pessoas que têm famílias e que, assim como nós, comunicólogos, estão passando talvez pela situação mais estressante e mais incerta de nossas vidas profissionais.

É hora dos gestores exercitarem sua empatia e seu entendimento sobre suas equipes. Vocês estão no dia a dia dessas pessoas e conhecem mais do que ninguém, inclusive mais do que o comando das empresas, as características gerais e, por que não, as reações individuais de seus colaboradores.

A bola, portanto, está conosco, profissionais de Comunicação. A Tecnologia e a Ciência estão aí. Uma para nos ajudar, outra para nos livrar desse problemão.

Mas a iniciativa de não ficar parado e de ser profissional nesse momento é nossa.

Arregacemos as mangas e tomemos as rédeas da situação. Hoje. Amanhã. No nosso caso, o tempo é nosso aliado, por que a decisão é nossa.

No outro caso, é deixar que a ciência faça sua parte. O que ela fará, certamente.

Por: Ricardo Pinheiro